Julho é o mês das férias escolares, uma ótima oportunidade para falarmos sobre o direito ao descanso.
Você saiu de férias recentemente? Teve a sensação de que – para sair de férias – precisou trabalhar em dobro antes e dar conta de tudo acumulado depois?
Pois é.
Talvez isso tenha sempre existido.
Mas não na mesma intensidade com que estamos vivendo isso hoje em dia.
Porque estamos doentes de velocidade e produtividade.
Parece uma escolha.
Parece que você não está dando conta.
Parece que você está exausto(a).
E tudo isso pode ser verdade.
Mas também é verdade que isso não é um fenômeno individual.
Claro que algumas transformações são possíveis mudando algumas atitudes.
Claro que é possível se organizar e lidar melhor com a situação.
Mas se isso é uma condição, uma norma, uma regra, quem são as pessoas que conseguem fazer “boas escolhas”?
Precisamos parar de tratar o descanso como um “entrave” à produtividade; isso deixa as pessoas com culpa de descansar.
Precisamos parar de tratar o descanso como um período que nos “reenergiza” para voltarmos ainda mais produtivos. Isso nos deixa ainda mais cansados e ansiosos.
Precisamos parar de tratar o descanso com descaso.
Férias são período de descanso, mas num mundo em que estamos doentes de velocidade e de produtividade, para descansar, precisamos trabalhar mais antes e trabalhar mais depois.
É preciso desacelerar.
O descanso não serve para nada.
O descanso não é útil.
Não é para “voltarmos mais produtivos”, nem é uma “compensação” ou uma “dádiva”.
Descanso é direito.
Todos/as/es temos direito ao descanso.
Temos direito à desconexão.
Temos direito à convivência.
Temos direito ao bem estar e à saúde mental.
Temos direito à pausa.
Temos direito de ter tempo de conviver com as pessoas importantes para nós.
Temos direito à construir comunidade.
Temos direito a desfrutar do tempo, de forma que nos humanizemos.
Esse é o Manifesto do Instituto Desacelera.
Somos uma associação civil sem fins lucrativos que atua como desaceleradora de pessoas e organizações.
Atuamos com formação e reflexão; mobilização e ativação de rede; produção e curadoria de conteúdos relacionados ao bem-estar, à saúde mental e ao universo do movimento slow.